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sábado, novembro 23, 2024

A desoneração da folha de pagamento vetada por Lula poderá deixar milhões de brasileiros desempregados? Veja o que pode estar em jogo

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O presidente Lula vetou a extensão da desoneração da folha de pagamento para 17 setores diferentes. Com isso, o procedimento será válido apenas até o dia 31 de dezembro. A decisão surpreendeu e incomodou empresários e parlamentares.

A isenção do imposto sobre a folha de pagamento permite que empresas de 17 setores substituam a contribuição previdenciária, que é cobrada a uma alíquota de 20% sobre os salários dos funcionários, por uma alíquota sobre a receita bruta, que varia de 1% a 4,5%. Esta medida destina-se, em especial, a incentivar o emprego.

“Acho que a dinâmica do mercado de trabalho se deve mais ao crescimento da economia e do setor de serviços do que a esse tipo de política. O impacto dessa isenção é difícil de mensurar, reduz o custo de mão de obra para as empresas, fazendo com que elas produzam mais. Mas o impacto disso pode ser pequeno”, diz Luciano Nakabashi, professor de economia da FEA-RP da USP, em entrevista ao portal iG.

“Por outro lado, o governo abre mão de receitas, agravando as contas públicas, gerando incerteza em relação à trajetória da dívida. Isso gera uma certa incerteza na economia e prejudica o investimento, que talvez seja mais importante para gerar crescimento de renda de forma mais sustentável. É difícil mensurar todos os cenários, mas acho que o impacto será muito pequeno, é uma questão de muito mais do que setores beneficiários que querem preservar os benefícios.

Esses setores, que atualmente empregam cerca de 9 milhões de trabalhadores, são beneficiados pela medida desde 2012. O projeto inicial, que pretendia estender os juros por mais quatro anos, até 2027, foi paralisado por decisão do presidente Lula.

O Projeto de Lei 334/2023, de autoria do senador Efraim Filho (União Brasil-PB), propunha a prorrogação da isenção até 2027. O senador argumenta que todas as partes envolvidas seriam beneficiadas com essa medida.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, anunciou na semana passada que pretende apresentar um pacote de medidas para resolver a situação dos setores afetados pela extinção da desoneração da folha de pagamento. A declaração foi dada um dia após o presidente vetar o projeto.

Segundo o ministro, a decisão do presidente faz parte da “correção de distorções tributárias para reconstituir a base que se corroeu nos últimos anos”. O ministro lembra que a União perdeu 1,5% do PIB com gastos tributários. Vamos continuar a combater a despesa fiscal para corrigir o défice.” Segundo ele, a isenção que vem sendo questionada envolve renúncias fiscais de R$ 25 bilhões.


“Algumas questões estão pendentes e precisamos ver como o Congresso tomará sua posição sobre as ações que o Departamento do Tesouro direcionou (aos legisladores)”, disse ele, referindo-se a uma conferência climática da ONU no início de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Haddad destacou que as isenções até o ano passado já representam cerca de R$ 140 bilhões para os cofres públicos, ressaltando a necessidade de conter os gastos diante das exigências impostas pela reforma da Previdência.

Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do ponto de vista do controle, é melhor o governo saber qual a folha de pagamento, que é paga todo mês.

Declaração

“Quando os lucros são tributados, o governo deve primeiro aguardar o final do exercício para que esse lucro seja calculado e reconhecido pela empresa”, argumenta.

“Um governo que cobra folha de pagamento espera recebimento e torna os valores mais previsíveis, desde que não haja aumento da taxa de desemprego”, conclui.

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