Um total de 207 trabalhadores foram resgatados de uma situação semelhante ao trabalho forçado em uma prestadora de serviços das vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton, em Pinto Gonçalves (RS). Recentemente, a questão tem sido ligada ao pagamento de recursos sociais, como o Bolsa Família.
Declaração
O trabalho forçado era realizado por trabalhadores que trabalhavam no serviço de carga e descarga, bem como na colheita da uva. Segundo relatos, as vítimas foram ameaçadas e maltratadas, incluindo o uso de choques elétricos, spray de pimenta e cassetetes.
As vítimas foram resgatadas do trabalho forçado na semana passada e, quase no total, nasceram no estado da Bahia (BA). Em nota pública, o Centro de Indústria, Comércio e Serviços de Pinto Gonçálves, responsável por unir as adegas envolvidas no caso, disse que havia escassez de mão-de-obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que pudessem aliviar problemas semelhantes.
Declaração
Segundo os empresários, “há uma parcela significativa da população com plenas condições produtivas, que, no entanto, estão inativas, sobrevivem através de um sistema de bem-estar social que não tem nada a beneficiar a sociedade”.
Qual a relação entre o trabalho forçado com o Bolsa Família?
Ao justificar a entidade, o pagamento de benefícios sociais, como o Bolsa Família, gerou “pessoas inativas”. Segundo empresários, esse público pode participar da cadeia produtiva do vinho, reduzindo a necessidade de contratação de mão de obra.
O coordenador-adjunto do Ministério Público do Trabalho, Italvar Medina, responsável pelo combate ao trabalho forçado e ao tráfico de seres humanos, discorda da alegação da entidade.
Declaração
Segundo ele, as empresas devem oferecer oportunidades de trabalho decentes que atendam à legislação brasileira por meio da unificação das leis trabalhistas (CLT).
Vítimas denunciam trabalho forçado
Após fugir de uma residência sem condições sanitárias, vítimas de trabalhos forçados relataram ter sido agredidas com choques elétricos e spray de pimenta.
Henrique Mandagara, coordenador do projeto antitrabalho forçado do órgão regional de controle do trabalho do Rio Grande do Sul, disse que a fiscalização confiscou tasers e tubos de spray de pimenta no local. Além disso, a vigilância armada foi usada para garantir que tudo estivesse em ordem.
Declaração
Trabalhadores na Bahia foram recrutados e já estavam chegando para trabalhos forçados com dívidas de alimentação e transporte. Na habitação, eles foram forçados a comprar produtos a preços muito ofensivos em comparação com o valor de mercado. Todas as despesas foram registradas como dívidas, prendendo os empregadores.