Oficialmente dois meses após o início, o horário de verão voltou a ser um tema recorrente e nada mudou: o tema ainda divide opiniões. Enquanto parte dos brasileiros se opõe a adiantar o relógio por uma hora – especialmente aqueles que precisam sair de manhã cedo –, outros querem recuperar mais sessenta minutos de luz solar no final do dia.
Mas, apesar de polêmica, a decisão de restabelecer o horário de verão envolve muitos estudos. Assim como sua revogação em 2019, quando o governo federal determinou que a mudança de horário não produzisse mais os resultados esperados dessa mudança.
O horário de verão no Brasil foi oficialmente suspenso em abril de 2019, com a publicação do Decreto nº 9.772, e assim permanece até hoje. No entanto, com a mudança de governo, a pauta voltou a ser discutida e começou o estudo de um possível retorno. Entenda como foram as discussões sobre o tema e qual foi a decisão do governo.
O horário de verão voltará em 2023?
Segundo o Ministério de Minas e Energia, responsável por avaliar o retorno do cronograma, foram realizadas análises e conversas com os agentes do setor, “com o objetivo da segurança energética e da qualidade dos serviços prestados à população”.
Após concluir a análise, a equipe técnica do Ministério do Município e Meio Ambiente emitiu um parecer que concluiu que não seria necessário adotar o horário de verão em 2023.
“O Ministério de Minas e Energia informa que, devido ao planejamento seguro realizado pela pasta desde os primeiros meses de governo, os dados não indicam, até o momento, qualquer necessidade de implantação do horário de verão”, disse a pasta.
Apesar do parecer da comissão técnica, a decisão final sobre o horário de verão não cabe ao MME. Segundo o Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS), os níveis dos reservatórios das hidrelétricas devem ficar acima de 70% nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte até o fim do mês.
“O mais importante é que o período seco geralmente está perto de fechar, tornando os resultados da EAR [energia armazenada na forma de água em reservatórios] ainda mais significativos”, explicou o Escritório Nacional de Estatísticas em um comunicado.
Bares e restaurantes solicitam retorno
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) entregou nesta sexta-feira, 22, uma carta ao presidente Lula defendendo a volta do horário de verão, após o governo indicar que não tinha intenção de retomar a medida.
Segundo a entidade, bares e restaurantes esperam um aumento de 10% a 15% no faturamento caso o horário seja adotado novamente, além de aproveitar outros ramos do comércio, serviços e turismo.
“A volta do horário de verão economizaria mais tempo de luz natural durante os dias, favorecendo o consumo e a frequência dos clientes nas organizações, além de trazer mais movimento e segurança para as cidades em geral. Além disso, contribuirá para a economia de energia e redução de custos operacionais nas empresas, mesmo sem o risco de desabastecimento”, afirma Paolo Solmocci, presidente da Abrasel.
Quando começa o horário de verão?
A mudança de horário não é escolhida aleatoriamente, mas está prevista nos decretos que regulamentam. Apesar de sua presença no país desde a década de trinta do século XX, o horário de verão foi regulamentado apenas em 2008, com o Decreto nº 6558, que previa seu início em outubro.
Posteriormente, o texto foi alterado pelo Decreto nº 9242, de 15 de dezembro de 2017, que passou com a seguinte redação:
“A partir da zero hora do primeiro domingo de novembro de cada ano, até a zero hora do terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte, em parte do território nacional, sessenta minutos antes do horário legal.”
“Um parágrafo. No ano em que foi coincidentemente entre o domingo programado no fim do horário de verão e o domingo de Carnaval, o horário de verão seria fechado no domingo seguinte.”
Quais estados brasileiros têm programação de verão?
Vale ressaltar que nem todos os estados brasileiros estão envolvidos na mudança de horário. De acordo com o decreto, os relógios foram introduzidos por uma hora nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
As regiões Norte e Nordeste não foram incluídas na mudança de horário por um motivo: por estarem localizadas próximas à linha do Equador, não havia muita diferença na luz do dia entre o verão e o inverno – ao contrário de outros estados, que eram mais distantes, passaram a ter dias mais longos nesse período.